Dentre muitas regras do pode não pode, do certo e errado, me confundo quando tento desvencilhar desistir de recomeçar. Pra mim, pelo menos, esses dois verbos deveriam andar juntos, e quem sabe até se tornarem amigos na conjugação da vida.
Dar meia volta, mudar a rota, deixar pra trás coisas e pessoas que não te fazem bem, simplesmente desistir de algo, ou alguém, deveria ser virtude. Mas vai você desistir pra ver! Abandonar a academia, desistir de um projeto, trancar um curso, mudar totalmente de área, pronto, você se torna o senhor fracassado,e ainda carrega o estereótipo de indeciso e não confiável.
Porque será que o desistir é tão julgado, desrespeitado e incompreendido, quando deveria ser visto, como um ato de coragem e respeito próprio.?
Imagine quantas pessoas carregam um peso, maior do que o mundo, continuam investindo em insucessos e desprazer. Remando literalmente contra a maré da vontade própria, dando murros em ponta de faca, só pelo pavor de desistir. Imaginem o coitado do Leão, que há anos deve estar querendo desistir de ser o Rei da selva, pra ser simplesmente o leãozinho como canta Caetano.
Agora é impossível não pensar em tantas coisas que eu já deveria ter desistido há anos. Desistido de adaptação, religião, de gente chata e sem noção,desistido de tentar agradar, de me desrespeitar fazendo o que não gosto, de sorrir pra impor que sou feliz, de alisar meu cabelo a qualquer custo, de malhar pra dizer que sou da geração saúde, enfim, a lista seguiria infinda.
Sinto que nessa brincadeirinha do medo de desistir, perdemos a oportunidade de recomeçar novos projetos, novos sonhos, de nos conhecer melhor, sem nos negar, sem temer a obrigação, a aprovação e a instabilidade.
Seria muito mais simples se desistir fosse um direito garantido pela constituição “Todo ser humano tem o direito de ir, vir e... DESISTIR. Melhor do que isso, seria se desistir não fosse palavrão.
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